Há pelo menos cinco anos as ruas da cidade de Santa Quitéria servem de cenário para mais uma das tristes histórias vividas pelo município. Os bairros Pereiros e Cinzas se tornaram em inimigos mortais, literalmente, durante anos de confrontos entre seus jovens. No início, brigas isoladas que aos poucos foi se avolumando. Richa entre duas pessoas passou a ser uma questão coletiva e os meninos começaram a se degladear em praça pública. Crianças de doze anos até adultos se envolvem nos tumultos se tornando vítimas e acusados. A praça Artur Timóteo ou Praça do Bradesco, tem sido o local onde mais acontecem as barbaridades, a última e maior delas, no dia 26 de março, quando Raimundo Antônio, 17 anos, foi morto com vários golpes de faca. Mas, anteriormente, já houve outros crimes que, por sorte, não acabou em morte. Um homem já foi golpeado a faca, no pescoço; um adolescente levou um tiro, um dos membros da gangue das cinzas, foi esfaqueado e saiu cortando tudo que via pela frente em uma danceteria; sem contar as vezes em que a Praça do Bradesco se transformou em praça de guerra por causa dos conflitos destes vândalos que provocaram também, outras lesões. Até na porta de escolas, em plena luz do dia, também houve briga. Casas de parentes ou até mesmo quem não tinha nada a ver, já foi atingido, inclusive com tiros por arma de fogo. Tem casos que trabalhadores deixaram o emprego porque tinha que passar em "território inimigo" e isso seria fatal. as autoridades, o que fizeram diante destes absurdos? A polícia, por várias vezes, deteve vários destes menores, como muitas vezes presenciei. Aí, vinham a mãe, o pai, tios, ... alguns falavam que o "bichinho não fez nada, os outros é que foram atrás dele", outros quando via a situação do briguento, choravam, principalmente as coitadas mães. Alguns destes meninos, a Justiça manda para as Casas de Custódia, mas a grande maioria é liberado até cometer outro ato dessa natureza. Os vereadores, nesse tempo todo, lamentaram, esbravejaram, mandaram votos de pezar... muita conversa e pouca ação. E os prefeitos? Teve um que um dia promoveu um jantar pra reconciliar as gangues e no final deu um trocado. Isso faz uns cinco anos ou mais. Não serviu de nada, pois pouco tempo depois o 'pau cantou', novamente. Gente, o que faltou mesmo foi estrutura familiar, políticas no município que trabalhassem e ocupassem a mente destes jovens, através do esporte, da educação e do trabalho. Mas, pra falar a verdade, faz muito tempo que os quiterienses não desfrutam destes direitos. E pelo o jeito, a guerra ainda não acabou. E pelo o que eu estou vendo a policia vai continuar prendendo, a lei soltando, os vereadores lamentando e os prefeitos querendo o voto.
Fonte: Aracatiaçu em ação
